Cabelo e Couro Cabeludo
Os cabelos e o couro cabeludo constituem uma das áreas que requerem
uma maior diversidade de cuidados cosméticos. Neste domínio podem surgir uma
série de problemas estéticos ou transtornos, a diferentes níveis, que podemos
agrupar em:
1.Problemas ao nível da haste capilar: Cabelos Secos e Maltratados.
2.Problemas ao nível das glândulas sebáceas: Cabelos Oleosos.
3.Problemas ao nível do couro cabeludo: Caspa.
4.Problemas ao nível do folículo piloso. Queda do Cabelo.
1. Cabelos Secos e Maltratados
Caracterizam-se por apresentar um aspecto áspero e sem brilho (mate),
numa fase avançada aparecem danos na haste capilar que os torna porosos,
frágeis e facilmente quebradiços. Muitas vezes este tipo de cabelos, podem ser
acompanhados de transtornos morfológicos como é a tricoptilose (cabelos abertos
no seu extremo, são os característicos cabelos de pontas duplas).
Tratamento
O tratamento dos cabelos secos destina-se a combater as causas
externas e a restituir a falta de sebo. Entre os princípios activos utilizados
temos:
• Substâncias lipófilas para restituir a falta de lípidos:
• Esteres de ácidos gordos.
• Trigliceridos de ácidos gordos.
• Lanolina e derivados.
• Fosfolípidos.
• Esteres glicéricos da vitamina F.
• Ceramidas.
• Substâncias acondicionadoras/amaciadoras (polímeros catiónicos,
hidrolizados de proteínas, etc.) complementares para facilitar o penteado.
Preparados
Basicamente, podemos encontrar três formas de apresentação:
• Champôs.
• Cremes.
• Óleos.
Champôs
Oferecem uma limpeza ligeira e um bom acondicionamento. Estes produtos
são excelentes para quem deseja lavar o cabelo diariamente. Reduzem a
electricidade estática e tornam mais manejável o cabelo fino; ainda assim
alguns produtos acondicionam muito o que pode ter como resultado um cabelo
escorrido.
Utilizam-se acondicionadores/amaciadores nos champôs para cabelo seco,
incluindo proteína hidrolizada, polidimetilsiloxanos quaternizados,
polivinilpirrolidona, etc., e como sobre-engordurantes utilizam-se substâncias
lipídicas como a lanolina e outras substâncias oleosas.
Cremes e Óleos
Tanto os cremes como os óleos incluem, basicamente, substâncias
oleosas para corrigir a falta de lípidos. No caso das emulsões (cremes
amaciadores) utilizados para depois do processo de lavagem, também, incorporam
habitualmente substâncias amaciadoras, para facilitar o penteado do cabelo
húmido.
2. Cabelos Oleosos
A própria fisiologia do folículo polissebáceo é responsável por vezes
por uma excessiva secreção que torna o couro cabeludo oleoso. Esta seborreia
torna-se rapidamente num problema estético que afecta os cabelos. Os cabelos
oleosos constituem a alteração capilar que origina uma maior preocupação
estética. Os cabelos oleosos por esta secreção sebácea são mais difíceis de
pentear, amassam-se entre si e acumulam sujidade rapidamente. Muitas vezes, o
sebo sofre processos oxidativos que produzem mau cheiro. Isto pode ser um
sintoma percursor de uma possível alopécia seborreica. Na formulação dos
champôs deve-se valorizar o risco que implica a frequência de lavagens e a
enérgica deslipidação que estes podem causar sobre o couro cabeludo, chegando a
provocar um efeito ricochete com incremento da secreção sebácea no couro
cabeludo.
Tratamento
Os tratamentos locais (champôs) incluem uma série de princípios
activos que têm como objectivo eliminar do couro cabeludo e cabelos o excesso
de óleo, procurando reduzir a produção de sebo, deixando os cabelos limpos e
facilmente penteáveis, tudo isso sem ter um efeito desengordurante forte para
assim evitar a seborreia por reacção.
Entre os princípios activos mais representativos pela sua actividade
seborreguladora podemos citar:
1. Derivados de enxofre
2. Breus vegetais
3. Saís de alumínio
4. Extractos vegetais
5. Agentes queratolíticos
Preparados
O controlo da seborreia pode enfocar-se utilizando um champô para
cabelo oleoso. Como no caso anterior utilizam-se champôs que incorporam
misturas de alguns princípios activos antisseborreicos anteriormente citados.
3. Caspa
Em essência, a caspa não é mais que uma descamação excessiva do couro
cabeludo motivada pelo incremento da mitose celular. As células que atingem o
estrato córneo não maduraram completamente e conservam o seu núcleo
(paraqueratose). Quando estes queratinocitos se desprendem formando agregados
densos muito visíveis, cria-se o problema estético da caspa.
Tipos
1. Caspa seca ou pitiríase simples
Considera-se uma afecção sem importância caracterizada por uma descamação
do couro cabeludo em forma de pequenas escamas, finas, brancas ou cinzas que se
desprendem facilmente da epiderme, espontaneamente ou por coçar, espalhando-se
de forma antiestética pelo pescoço e ombros. Não apresenta sinais inflamatórios
e o prurito é moderado ou ausente.
2. Caspa oleosa ou pitiríase seborreíca
Pode desenvolver-se depois de episódios de caspa seca ou aparecer
espontaneamente na puberdade. Caracteriza-se por apresentar escamas recobertas
de sebo, eritema no couro cabeludo e prurido mais ou menos intenso. As escamas
são de maior tamanho que no caso da caspa seca e a cor é amarelada.
Tratamento
Os produtos anticaspa devem actuar sobre as diferentes disfunções do
estado descamativo, pelo que é conveniente que possuam algumas das seguintes
propriedades:
1. Queratolíticos: Componentes capazes de disgregar as placas de
escamas e permitir uma adequada renovação celular.
2. Redutores: Substâncias capazes de reduzir os níveis de oxigénio
o que provoca uma diminuição das mitoses celulares no estrato basal epidérmico.
3. Antissépticos: Inibem o crescimento bacteriano.
4. Antifúngicos: Reduzem o excesso proliferativo do Pityrosporum
ovale.
Preparados Utilizam-se, basicamente, os champôs; ainda que
também se podem formular em loções. Os champôs anticaspa devem realizar várias
funções:
• Eliminar eficazmente o sebo.
• Eliminar as escamas do couro cabeludo.
• Actuar como antimicrobianos. É importante que a base detergente destes
champôs apresente um bom poder limpador para eliminar as escamas presentes,
mas, também, que seja o suficientemente suave para não agredir uma epiderme já
irritada.
4. Alopecia
Existe uma série de factores que contribuem para
favorecer a queda anormal ou excessiva do cabelo, por isso é compreensível que
se pretenda solucionar este difícil problema com o uso de ingredientes
supostamente capazes de controlar a actividade de cada um destes factores. É
necessário reforçar a ideia que não se conhece nenhum tratamento cosmético
realmente eficaz para combater a alopecia.
Tratamento
Preconizou-se a utilização nos preparados cosméticos de diferentes
princípios activos, com a finalidade de exercer funções nutritivas:
• Pantenol, vitamina A e vitamina H.
• Tricosacaridos pela a sua acção trófica ao nível do folículo piloso; o
que se traduz em certa reposição e numa melhoria da qualidade do cabelo.
Assim , utiliza-se um grande número de extractos vegetais com diferentes
propriedades:
• Abrótano macho (Artemisa abrotanum): Tem propriedades antissépticas e
ligeiramente queratolíticas.
• Centella asiática (Hidrocotile asiática): Estimulante das papilas
pilíferas.
• Alecrim (Rosmarinus officinalis): Tonificante.
Preparados
A maioria dos produtos cosméticos capilares destinados a estimular o
crescimento do cabelo preparam-se em forma de loções hidroaloólicas às que se
incorpora propilengicol (3 a 15%) e os ingredientes activos, em forma de
misturas mais ou menos complexas.